VIDA QUE VOLTA À VIDA!
MARLOWA POMPERMAYER MARIN nasceu em Caçador, Santa Catarina, Brasil no ano de 1966. Em 1988 concluiu o curso de desenho artístico, no Instituto de Desenho do Paraná em Curitiba, iniciando a futura aquarelista. Passou a residir em Chapecó/SC no ano de 1991, associando-se à ACHAP – Associação Chapecoense de Artistas Plásticos. Sua trajetória artística é composta por diversas exposições, salões de arte e obras que se encontram em países como Portugal e Inglaterra. Está inserida no “Dicionário Internacional de Artes Plásticas Julio Louzada” (1996).
Figura humana e cotidiano são temas abordados plasticamente desde o início da história da humanidade como um caleidoscópio, com diversas possibilidades formais e semânticas. Entretanto, desconheço o retrato de personagens tão felizes. Assim, conceituo as produções plásticas de Marlowa: um simulacro da realidade, momentos felizes – que vivemos, que gostaríamos de viver, que poderemos viver – momentos congelados, demarcados. Momentos. E como já dizia Vinícius de Moraes “... tristeza não tem fim, felicidade sim”.
Nesta exposição individual, percebemos alguns símbolos que se tornam constantes, que remetem momentos do cotidiano, lembranças e histórias vivenciadas: tigela com pipocas; margaridas (que pelo tamanho parecem girassóis!) tecido xadrez, lenço de pescoço ao vento, a brisa, o cabelo arranhado, e a palavra (de vida feliz) como imagem: letra cursiva que se contorce e emoldura. Essas imagens, retratadas em personagens ora sozinhos, ora em família (reunida sobre um sofá), sofreram pequenas modificações com o passar do tempo, acompanhadas pelo crescimento da artista. As cores aquareladas, que outrora se distanciaram para dar lugar à intensidade das primárias, hoje misturam-se na paleta, criando possibilidades para a multiplicidade de tons - suaves, misturados, com camadas de transparências que sugerem o retorno à aquarela.
Outra singularidade nesta coleção – marcada pelo número de trabalhos produzidos e nunca aproximados, é o movimento que os personagens agora possuem: deitam, saltam, voam! Saem da estabilidade de pernas alinhadas, do sentar a lado. Acompanhando esse movimento, os pixels saem do mundo cyber para participar das telas, transformando o espaço branco em ferramenta do photo paint: as palavras, grafadas como arte digital, por meio de plotagens, estão contemporaneamente inseridas.
Analisando os trabalhos da artista plástica Graciela Boulanger, foco de inspiração de Marlowa, percebo que os personagens são marcados por uma face triste, triste como um dia chuvoso, e esse oposto é o diferencial dos trabalhos desta exposição.
Lendo um recorte no blog de Renato Alarcão, retratando o imenso abismo entre o ansiado e o alcançado, surpreende-me a frase “(...) guardava em si uma verdade que de fato atormenta diversos artistas: a imensa distância entre aquela obra de arte impressa na mente e aquela que a mão consegue tornar materialmente visível”. Reflito nos trabalhos de Marlowa o equilíbrio do (in)visível, a dualidade do imagético com o palpável, o não-distanciar Os personagens nos aconchegam, nos trazem pra perto, nos sorriem fazendo-nos sorrir.
E o que também faz sorrir, é o lilás. Ah, o lilás! Cor que acalma, alegra, envolve, desnorteia. E, com o lilás, desfecho essa nova coleção, essa nova vida – dela e dos personagens – que retornam à vida, tranqüila e transparentemente feliz!.
Gina Zanini [artista plástica, especialista em estética].
sábado, 8 de setembro de 2007
O Convite!
Ficará pronto esta semana!
Repartindo com vocês a frente e o texto que fará parte dele - autoria da Gina Zanini, artista plástica, que após ver as obras e saber um pouco de minha trajetória escreveu um texto surpreendente para mim.
Gina, muito obrigada por sua sensibilidade e percepção de artista!